sábado, 22 de setembro de 2007

Playboy "barra" coelhinhas em inauguração de megaloja


Fundada em 1953 por Hugh Hefner, ícone da "revolução sexual" nos Estados Unidos, a Playboy nasceu como uma revista mensal para homens que ficou célebre pelas fotos de mulheres nuas, muitas das quais saltaram para a fama.

Desde que Marilyn Monroe - um tanto coberta, na verdade - ocupou a capa do primeiro número, beldades tão conhecidas quanto Pamela Anderson desfilaram pelas páginas, que oferecem conteúdos explícito sem cair na pornografia.

No entanto, os anos de ouro parecem ter ficado na história, como demonstra os 8% de queda nas vendas que a revista vem registrando a cada ano nos últimos tempos.

Como a revista "quente" parece ter se esfriado, a "Playboy" vem apostando desde 1999 na criação de uma marca global para marcar distância da publicação e oferecer produtos alternativos.

Essa linha de negócio já deu à empresa do coelhinho vendas de US$ 800 milhões no varejo por ano, em mais de uma centena de países.

Com essa filosofia, a companhia abriu hoje em Londres seu primeiro estabelecimento na Europa e o nono do mundo: uma loja de 4 mil metros quadrados e três andares no coração da Oxford Street, a artéria comercial da capital britânica.

"O coelhinho voltou. Vai ser fantástico", disse à agência Efe a diretora de relações públicas da loja, lembrando que a "Playboy" tinha saído da cidade desde o fechamento de seu clube-cassino, em 1982.

Situada entre uma farmácia e uma loja de telefone celular, a "megastore", facilmente reconhecível na rua pelo logotipo, não vende a revista e, muito menos brinquedos sexuais ou qualquer "quebra-galho" desse tipo.

"Não vendemos nem revistas nem vídeos. Isto é uma boutique de moda", disse Lisa Hagendorf com um sorriso.

E não falta razão para ela, já que os clientes podem encontrar uma ampla gama de produtos que têm como "estrela" a roupa de grife, e que também inclui lâmpadas, relógios (de parede e de pulso), almofadas em forma de coração, copos, xícaras, chaveiros, pulseiras, colares, malas e inúmeros acessórios.

O denominador comum dessa amálgama de mercadorias é, claro, o ícone do coelhinho, onipresente em uma infinidade de cores e tamanhos.

Por outro lado, as "coelhinhas", com suas orelhas postiças, o rabinho de pompom e sempre tão disponíveis para as festas da companhia, ficaram relegadas às etiquetas das mercadorias e lingerie, além de alguns catálogos de época exibidos discretamente.

Os novos tempos são apreciados também no fato de que, se outrora a "Playboy" se considerava um "empório de homens", 70% dos produtos da loja agora são direcionados às mulheres, apesar das queixas do grupo feminista "Anti-Porn UK", que declarou guerra ao estabelecimento.

"Historicamente, a ''Playboy'' se ocupou das mulheres belas, apesar de agora se dirigir a homens e mulheres", comentou a diretora de relações públicas.

"Trata-se de refletir o estilo de vida da ''Playboy'': a diversão, o ''glamour'', o sentir-se sexy e sofisticado e desfrutar da vida", disse Hagendorf.

Os primeiros clientes a verem a loja parecem contentes com a idéia de ter a "Playboy" como grande marca internacional: "É estimulante ter outra vez a ''Playboy''. Antes era visto como algo erótico, mas hoje dia é algo elegante", comentou Shirley Richards, de 51 anos.

Aos nostálgicos da revista ainda resta um certo "consolo": entrar em um provador, olhar-se em um espelho em cuja parte superior se lê "Playboy" em letras pretas garrafais e reparar que - nas palavras de Hagendorf - "parece como se estivéssemos na foto de capa".

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