Franklin Perry passava horas jogando videogames com seu dedão, mas recentemente vem usando o Nintendo Wii, e todo o resto do seu corpo, para se recuperar de um derrame. Isso porque esse console tem um controle sensível aos movimentos: o jogador deve movimentá-lo como uma raquete de tênis, por exemplo, para atingir a bolinha que aparece na tela.
O homem de 51 anos, que teve o derrame há cerca de três semanas, vem trabalhando desde então para devolver os movimentos a seus músculos do lado direito do corpo, que ficaram imobilizados. Esse processo de recuperação é realizado no Hospital Dodd Hall, da Universidade de Medicina de Ohio, em Columbus (EUA).
“Estou conseguindo recuperar alguns movimentos”, disse Perry, que antes de freqüentar o centro de reabilitação jogava PlayStation 2 em sua casa e também em shopping centers.
Robbie Winget, terapeuta ocupacional que incentiva o uso do Wii no Dodd Hall, afirma que teve a idéia de adotar o videogame depois de ouvir que um hospital em Alberta, no Canadá, vinha fazendo isso. Windget jogava Wii na casa de amigos e se convenceu de que o console poderia ajudar os pacientes a recuperar o equilíbrio, coordenação, resistência e força corporal.
“Pensei que seria bacana usar seu próprio corpo para conseguir controlar os movimentos”, disse o terapeuta. Segundo ele, o hospital vem usando o Wii por cerca de quatro meses no tratamento de pessoas que sofreram derrames, além daquelas que apresentam lesões cerebrais ou na coluna.
Muitos pacientes, por exemplo, utilizam o console sensível a movimentos, conectado à web, para encontrar notícias ou navegar pelo canal com previsão de tempo. Essa atividade tem como objetivo melhorar as funções cerebrais.
Winget lembra que o Wii não substitui o tratamento convencional. “É mais uma maneira de atingir objetivos específicos associados ao tratamento”, explica.
Tratamento
Todos os pacientes do centro de reabilitação Dodd Hall passam por uma sessão diária de três horas de terapia. O tempo dedicado ao Wii é de 30 minutos, de duas a três vezes por semana. Winget diz não acreditar que outros consoles de videogame poderiam ter tanto apelo para os pacientes quanto o Wii.
“A idéia de ficar sentado, apertando um monte de botões em um controle não é nada motivadora ou interessante”, disse o terapeuta.
Perry, que geralmente usa a mão esquerda para jogar, afirma que durante as sessões com o Wii ele segura o controle com a mão direita para jogar boliche ou bater em seu rival. “É divertido, é empolgante. E faz com que eu realmente me dedique [à recuperação]”, disse Perry, que compete com seu sobrinho adolescente.
O paciente diz ter duas metas para o final de ano: ir para casa e comprar um Wii, que já está em falta por causa da época de festas. “Espero que eu consiga encontrar um”, disse.
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